BERNARDO RAMOS - POEMAS PARA TRIO (LP)
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Conheci o trabalho de Bernardo Ramos numa apresentação em quinteto tocando o repertório do seu primeiro disco, Cangaço, para uma plateia desavisada, que mesmo esperando uma música ligada à tradição dos standards, saiu inflamada pelo calor e ousadia daquele conjunto. Aquela música me chamou atenção por não ter pudor nenhum em misturar influências da tradição cancioneira popular com procedimentos da dita música pós-tonal.
Este é o segundo disco solo de Bernardo e é fácil perceber que os seus ouvidos continuam abertos: a sua natureza é de fazedor, de um descobridor que mergulha fundo nas
inquietações e intuições. Este trabalho é uma oportunidade de vê-lo se abrir generosamente para o inesperado, doando suas geniais composições para o deleite do seu trio.
Recém-formado, o trio me convidou para assistir a um ensaio. Eles já estavam se embicando em algumas sessões, como diz o Bernardo e, a essa altura, o conjunto já estava com o material composicional desvendado, seguindo com o firme propósito de expandir aquelas composições para uma leitura aberta a todos os reflexos individuais e a todas as forças que atuam na conexão entre eles.
Com esse trio singular, uma insuspeitada ideia pode lentamente chegar em cada ensaio, tomar forma e ser desfrutada por todos, ou simplesmente gerar possibilidades para abandoná-la por completo, como uma nova folha em branco que surge esperando o momento mágico em que será preenchida por novos poemas.
Após receber com enorme honra o convite para participar como produtor musical juntamente com Sylvio Fraga, acompanhei todos os ensaios. Mesmo sem empunhar o meu instrumento, o trio me acolheu como parte do conjunto e o meu envolvimento foi de quem já estava tocando ali.
Em Poemas para trio, a despeito de uma formação mais reduzida, Bernardo encontra novos caminhos de textura, inclusive maior densidade, tanto para a guitarra quanto para o conjunto. Esse trio, que já é uma formação rara na música instrumental brasileira, soa trio-orquestra. Na intenção da tocada, me parece que os instrumentos não querem receber seus nomes, nem mesmo propor as tão aclamadas trocas de personagens (guitarra percussiva, percussão melódica, contrabaixo sei lá o quê). A música que eles fazem segue interessada em coesão, numa interação livre e orgânica, sem levar a sério os já tradicionais papéis de atuação.
Bernardo traz em sua bagagem espiritual um envolvimento profundo com o aspecto melódico da música. Suas composições mais arrojadas (território onde brinca com seu grupo propondo jogos que instigam a quebra de condicionamentos) fluem sempre na direção do que pode ser entoado pela voz humana. Quando inclui no repertório do disco canções como É doce morrer no mar e San Vicente, esse lirismo transborda em suas improvisações e interpretações, revelando o guitarrista-cantor singular, mestre no artesanato de melodias e com uma compreensão profunda da carga emotiva dessas composições.
Bernardo, Bruno e Rei se juntaram sortudamente, com os ouvidos atentos para reconhecer a encantadora distância que existe entre o som e a escrita do som. Exímios compositores e improvisadores fazem chegar até o ouvinte uma música que anseia pelo mistério, como poemas que se esquivam à nossa compreensão para permanecerem em nosso afeto.
— Marcelo Galter
TRACKLIST
LADO A (21:03)
1. Contraluz (7:15) (Bernardo Ramos)
2. Piano de barro (7:45) (Bernardo Ramos)
3. San Vicente (6:02)
(Milton Nascimento / Fernando Brant)
LADO B (20:26)
1. Dois ventos (7:28) (Bernardo Ramos)
2. Couro de bode (8:28) (Bernardo Ramos)
3. É doce morrer no mar (4:26) (Dorival Caymmi)
Bernardo Ramos — guitarra
Bruno Aguilar — baixo acústico
Reinaldo Boaventura — percussão
FICHA TÉCNICA
Direção artística: Bernardo Ramos e Sylvio Fraga
Produção musical: Marcelo Galter, Bernardo Ramos e Sylvio Fraga
Direção musical: Bernardo Ramos
Arranjos: Bernardo Ramos, com contribuições de Marcelo Galter em 2A, 1B e 2B Gravação: Pepê Monnerat e Arthur Damásio no Estúdio Rocinante
Mistura: Pepê Monnerat no Estúdio Rocinante
Masterização: Götz-Michael Rieth
Coordenação artística: Jhê
Coordenação técnica: Flávio Marcos Batata
Projeto gráfico: Ana Rocha
Fotografias da contracapa: Lucca Mezzacappa
Produção executiva: Luanda Morena
A obra reproduzida na capa é de Tomie Ohtake | sem título, 2008 | gravura em metal | 50 x 70 cm | Fotografada por Sergio Guerini | ©️ Tomie Ohtake
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